O auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo (MFRM) acolheu, no passado sábado, a inauguração de «Escombros – Minas transmontanas», exposição de fotografia de José Luís Gonçalves.
-se de uma mostra que resulta de trabalhos fotográficos, realizados em 2005, numa altura em que praticamente todas as minas de Trás-os-Montes se encontravam inactivas. Apesar das infra-estruturas já estarem em ruínas, ainda apresentavam muitos vestígios do que se pode considerar Arqueologia Industrial e Mineira.
O facto da exposição ser a Preto & Branco (PB) ajuda a salientar esse olhar trágico, hoje de desolação e silêncio, com a natureza a cobrar os seus direitos, em locais onde, outrora, se ouviu o ruído das máquinas, as explosões e a vozearia humana.
Era este o cenário quotidiano, feito de esforço insano para retirar às entranhas da terra a riqueza mineral que fez a fortuna de alguns e deu para o remedeio de muitos outros.
As minas representadas são, apenas, uma pequena parte do vasto panorama mineiro de Trás-os-Montes. Contudo, ali encontram-se algumas das principais, como Argozelo (Vimioso), que já foram dadas a conhecer no cinema, através do filme “A Sombra do Abutre”, de Leonel Vieira, Ervedosa (Vinhais), Jales (Vila Pouca de Aguiar), Portelo e Coelhoso (Bragança) e, claro, as minas de Ferro de Torre de Moncorvo.
Perante os problemas ambientais e sanitários de algumas dessas minas, a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), uma das patrocinadoras desta iniciativa, encetou trabalhos de recuperação em várias galerias trasmontanas. Assim, e uma vez que a paisagem de algumas destas minas já sofreu algumas modificações, o olhar fotográfico de José Luís Gonçalves, como trabalho datado, reveste-se, também, de alguma historicidade.
Já anteontem, o MFRM promoveu o primeiro Encontro dos Antigos Trabalhadores da Ferrominas, que explorou as minas de ferro de Moncorvo entre 1951 e 1986.
Recorde-se que, por volta de 1992, esta empresa foi formalmente extinta e integrada na EDM, a actual proprietária do depósito mineral de Moncorvo.
Assim, o MFRM elaborou uma base de dados dos trabalhadores da Ferrominas, com cerca de 1300 registos, que foi apresentada no mesmo dia.
Fonte: "Jornal Nordeste, 2008-08-20"