19 proprietários de terrenos agrícolas do concelho de Torre de Moncorvo estão a vender as parcelas a preços acima do valor comercial, no âmbito da primeira fase de expropriações para a construção da barragem do Baixo Sabor.
Ao que o Jornal NORDESTE conseguiu apurar, há parcelas que vão render 10 vezes mais aos proprietários em comparação com o seu valor real. Os preços praticados pela EDP rondam os 0,70 euros por metro quadrado para as terras com monte e 1,30 euros para as parcelas cultivadas e com árvores de fruto.
“Na minha opinião pagaram bem os terrenos. Eu fui expropriado de uma parcela com 1600 metros quadrados, que tinha oliveiras, amendoeiras e uma parte de monte, no Alto do Couto, na freguesia do Larinho”, afirma Ercílio Fernandes.
Na óptica deste proprietário, as terras estão a ser pagas a valores acima da média, tendo em conta a sua fraca localização e o facto da agricultura estar decadente. No entanto, Ercílio Fernandes realça que, quando há sentimentos associados ao património, o dinheiro acaba por não compensar a perda.
A barragem do Baixo Sabor é aplaudida pela maioria dos agricultores, que justificam o bom negócio com os fracos rendimentos retirados da produção agrícola. “Eu não estava a ter lucro nenhum com aquela parcela. Ainda tinha era despesas com jeiras. Por isso, considero que a vinda da barragem foi uma sorte para a população”, acrescenta Ercílio Fernandes.
O Larinho é uma das freguesias mais beneficiadas com a barragem, visto que há uma vasta área que vai ficar inundada. Por isso, até há quem graceje, dizendo que “o euromilhões saiu para as pessoas daquela localidade”.
“Os terrenos foram bem pagos de acordo com a forma como eram tratados. Por isso, a maioria das pessoas está contente”, garante Ercílio Fernandes.
Segunda fase das expropriações para a construção da barragem arranca no início do próximo ano
Nesta primeira etapa, a EDP vai adquirir cerca de 100 hectares (ha), o que corresponde a 143 campos de futebol. Esta é a área necessária para dar início à empreitada, incluindo os terrenos para a construção das duas barragens e os acessos à instalação dos empreiteiros.
O processo está a decorrer com normalidade e os proprietários já receberam 80 por cento do valor das parcelas, aguardando a realização da escritura para arrecadarem a totalidade.
Para a construção do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor, a EDP necessita de 2700 ha, pelo que vai arrancar com uma segunda fase de expropriações já no início de 2009.
“Tenho dois terrenos que poderão ficar inundados, um na totalidade e o outro parcialmente. Estou à espera da segunda fase para ser expropriado. Se pagarem na média dos preços praticados na primeira fase, é um bom negócio”, salienta Eugénio Gouveia, habitante do Larinho.
Recorde-se que a empreitada teve início no passado mês de Julho, com a execução de um conjunto de obras preliminares, e irá prolongar-se até 2013, a data prevista para a conclusão da Barragem do Baixo Sabor.
Fonte: "Teresa Batista, Jornal Nordeste, 2008-11-18"